Takahashi apresenta seminário sobre vocalização de primatas
Pesquisador palestrou aos alunos após as aulas da segunda-feira (20)
O pesquisador do Instituto do Cérebro da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), Daniel Takahashi, apresentou, nesta segunda-feira (20) aos alunos do IMPA Tech, um estudo sobre a vocalização de primatas comparada à dos humanos, utilizando modelagem matemática. O trabalho, resultado de 15 anos de pesquisa colaborativa, foi tema do seminário acadêmico organizado pelo professor Uéverton Souza.
Takahashi explicou que tanto humanos quanto macacos-saguis se revezam naturalmente para falar e ouvir durante uma interação — processo conhecido como troca de turnos. “O comportamento de troca de turnos é universal entre os humanos e existem teorias linguísticas que explicam isso, mas e entre os animais?”, questionou o pesquisador.
Para investigar essa questão, Takahashi desenvolveu, em parceria com outros pesquisadores, um modelo matemático de sistemas dinâmicos estocásticos — uma simulação computacional que representa o funcionamento de diferentes regiões do cérebro envolvidas na comunicação vocal. O modelo analisa as interações entre três estruturas neurais principais: motivação, audição e controle motor, permitindo distinguir o papel do ruído cognitivo e sensorial.
Foi observado que, conforme os saguis se desenvolvem, o ruído no sistema auditivo diminui, o que coincide com uma melhora na coordenação das vocalizações e na redução de sobreposição entre os sons. Esses resultados indicam que o aprimoramento da percepção auditiva, e não mudanças na motivação, é o principal fator que leva ao surgimento da alternância de turnos vocais nesses primatas.
A apresentação despertou o interesse dos estudantes. “É surpreendente perceber o quanto a matemática pode se conectar com outras áreas e contribuir para a ciência, principalmente a neurociência. Acredito que o futuro está nas mãos da interdisciplinaridade”, comentou a aluna Micaela Magalhães.

O estudante André Oliveira também destacou o caráter multidisciplinar do tema: “A pesquisa envolvia biologia e neurociência, ao mesmo tempo que trazia modelagem matemática e análise de dados. A interdisciplinaridade surge naturalmente em problemas reais e, por isso, é imprescindível para a ciência.”
Os seminários acadêmicos promovidos pelo professor do IMPA Tech Uéverton Souza têm como objetivo aproximar pesquisadores de diferentes áreas dos alunos da graduação. Nesta edição, o convidado foi indicado pela professora Cilene Rodrigues, colaboradora de Takahashi em pesquisas interdisciplinares.
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